sábado, 5 de março de 2016

O PREÇO DA FELICIDADE


Às vezes vai faltar um prato de comida.
Saudade vai dar de casa.
Às vezes até o prato para comer vai faltar
Porque são coisas próprias de uma mudança.
De repente vai olhar o saldo da conta
E lá vai ter pouco mais que três reais
Vai procurar dinheiro no bolso
Talvez encontre uns dois reais
Vai olhar nos cantos das casas
Na escrivaninha, na caixinha do armário
E vendo nada vai se chamar de otário
Por deixar a casa, a grana, o conforto.
Nesse choro todo - que pode perdurar -
Vai gritar por socorro
Mas não vai pensar que foi um erro
Mas não vai querer voltar atrás.
Vai ser confuso, vai ser puxado
Não vai ter roupa lavada, nem máquina
E nem emprego.
Não vai ter sossego, mas vai ter medo
Vai ter muito receio do futuro
Mas vai caminhar vivendo os dias
Até o dia em que estiver completamente duro
Mas duro de sonho, de autorrealização
Do contrário, vai respirar, vai aprender a orar
Vai compreender o amor de Deus
Vai se surpreender com os vendavais
Vai perder muita coisa, mas o sorriso não vai faltar
Não vai sair com os amigos à noite
Não vai comprar o brigadeiro do colega
Não vai tomar café antes de sair de casa
E na faculdade, nem pensar em lanchar...
Vai sentir vontade, mas vai notar que a vontade vai passar.
Mas vai rir, cantar, se divertir à bessa
Ninguém vai saber dessa tua conversa.
Vai saber que nem tudo para todos interessa
Mas vai saber que pelo menos um vai te notar, observar e dizer:
Está precisando de alguma coisa?
Vai demorar a responder
Mas a resposta vai ser: de um abraço.
Às vezes nem vai falar
Apenas vai cair nos braços e chorar.
Vai saber que alguém no mundo
Está a te observar.
A família não vai ligar
Ou vai ligar e não vai poder ajudar
Vai se revoltar, mas depois vai saber
Que ela faria tudo se pudesse.
O lado bom? Vai crescer
Vai saber se virar
Vai descobrir que os pouco mais que três reais
Vão durar por muito tempo
Porque não vai precisar.
Vai aprender a não precisar.
Vai deitar na cama sem querer fazer nada
Vai fazer o estritamente necessário
Mas sem força, sem ânimo.
Vai sair à rua olhando tudo e vendo nada
Vai estar com as pessoas, mas em estado ausente
Vai viajar sem sair do lugar
Vai esquecer cada vez mais frequentemente
Mas conseguir sentar e estudar
Vai conseguir estudar e se satisfazer
Porque se tudo isso for pelo motivo real de ser
Não vai desanimar, mas permanecer.
Vai entender a vida e mudar o rumo
Mas sem sumir, vai concluir o que começou
Mas só se for o sonho real.
Vai consumir muitos ovos fritos
E macarrão instantâneo
Mas vai ser feliz.
Quando contar a história para os outros
Vai chorar e se emocionar porque é mesmo difícil
Mas vai concluir dizendo que está feliz.
Vão rir, não vão acreditar
Mas apesar da zombaria, vai estar feliz.
Vai orar a Deus e suplicar
Mas vai dizer que está feliz.
A porta estará aberta para voltar
Mas vai ficar porque sabe bem
O que te faz feliz.

Allan Maykson
05 de março de 2016

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