"Trabalhe com a estrutura que você vê ao seu redor agora. Não
espere um suposto ambiente adequado e livre de estresse no qual possa gerar
algo expressivo."
Anne Bogart
em “A preparação do diretor: sete ensaios sobre arte e teatro”
Antes de dissertar sobre a prática de aula de hoje, preciso ser pontual nesta observação: é magnífico perceber a vivencialidade das teorias. Vê-las respirando, andando, tomando forma. O cotidiano é o espaço cênico da vida, a vida é feita de momentos únicos, por vezes tantas, efêmeros, mas ao perceber cada uma dessas externalidades, enxergamos que o nosso olhar pode ser muito mais simplório e excludente do que o fantástico filme da existência cheia de pormenores. Sim! Refiro-me, como premissa, ao espaço cênico de hoje: a capela. Também me refiro ao conceito de Resistência descrito no trabalho de Anne Bogart, autora com a qual abri esta postagem e com quem pretendo contextualizar o grande desafio que foi o processo de criação da partitura vocal, finalmente, apresentada hoje.
Na postagem "A VOZ QUE NÃO SAIU", do dia 08 de março, publiquei minha frustração por não conseguir realizar a última tarefa que consistia em inserir os sons que extraímos dos fragmentos dos textos de Tennessee Wiliams numa narratividade estudando a
estética sonora e vasculhando os escombros de nosso pensamento para encontrar
palavras em que este som pudesse ser encapsulado. Ou seja, abriríamos mão da fala interna física, o texto, e criaríamos uma nova.
Não obtendo sucesso após as tentativas, a professora, na aula seguinte, nos sugeriu o trabalho em dupla. Reunimo-nos eu e o San e fizemos um bom trabalho de constructo vocal. Foi menos difícil, mas foi mais fácil se permitir. Como afirma a Anne sobre a resistência, "não espere até dominar suficiente a técnica", é preciso simplesmente fazer. Afinal a hora de errar é agora, porque no palco, o erro precisa ser um improviso.
Finalmente chegou a aula de hoje. Na capela. Afinal, as artes cênicas não possui um espaço somente dela ainda, então temos aula onde é possível. Particularmente acho isso fantástico e apesar de a capela ser um lugar sagrado, foi simples para eu resignificá-la como o espaço cênico da noite, claro, respeitando algumas particularidades. A acústica contribuía para os exercício de voz até que ligamos os ventiladores e começou a chover forte. Telhados de alumínio são um verdadeiro escândalo.
Fizemos os aquecimentos vocais já expostos em textos anteriores e depois trabalhos a projeção da voz. Simples: fazer com que nossa voz chegasse até o outro lado da igreja, que ela alcançasse todo o público, que fosse audível a todos, mas sem externar símbolos de gritos, de esforços exagerados. Todo mundo deveria dizer alguma coisa, contar uma história, simultaneamente. Mais tarde cada um apresentou sua performance objetivando a projeção da voz.
Após essa etapa, é hora de mostrar as partituras vocais. Sentamos alguns minutos com nossas duplas para relembramos como sempre precisamos para então começar o trabalho. Apresentei exatamente como no vídeo postado na publicação do dia 08 desse mês e estava correto. A partitura vocal é a seguinte:
Quero usar o conselho de Anne Bogart quando eu identificar outros obstáculos, então, para não me esquecer, ei-los:
Trabalho concluído e mais um enfrentamento vencido. A Resistência é bastante vivencial. Primeiramente, assumir nossas limitações nos tira da imobilidade, aprendemos que precisamos nos fortalecer de alguma maneira, quer seja enfrentando nossas fraquezas, quer seja aprendendo a conviver com elas. Resistir diante de uma dificuldade não se trata apenas de persistência, se trata de uma vida, afinal, até quando nos entregaremos à morte? Que morramos todos os dias, mas que não sejamos os mesmos cadáveres!
Não obtendo sucesso após as tentativas, a professora, na aula seguinte, nos sugeriu o trabalho em dupla. Reunimo-nos eu e o San e fizemos um bom trabalho de constructo vocal. Foi menos difícil, mas foi mais fácil se permitir. Como afirma a Anne sobre a resistência, "não espere até dominar suficiente a técnica", é preciso simplesmente fazer. Afinal a hora de errar é agora, porque no palco, o erro precisa ser um improviso.
Finalmente chegou a aula de hoje. Na capela. Afinal, as artes cênicas não possui um espaço somente dela ainda, então temos aula onde é possível. Particularmente acho isso fantástico e apesar de a capela ser um lugar sagrado, foi simples para eu resignificá-la como o espaço cênico da noite, claro, respeitando algumas particularidades. A acústica contribuía para os exercício de voz até que ligamos os ventiladores e começou a chover forte. Telhados de alumínio são um verdadeiro escândalo.
Fizemos os aquecimentos vocais já expostos em textos anteriores e depois trabalhos a projeção da voz. Simples: fazer com que nossa voz chegasse até o outro lado da igreja, que ela alcançasse todo o público, que fosse audível a todos, mas sem externar símbolos de gritos, de esforços exagerados. Todo mundo deveria dizer alguma coisa, contar uma história, simultaneamente. Mais tarde cada um apresentou sua performance objetivando a projeção da voz.
Após essa etapa, é hora de mostrar as partituras vocais. Sentamos alguns minutos com nossas duplas para relembramos como sempre precisamos para então começar o trabalho. Apresentei exatamente como no vídeo postado na publicação do dia 08 desse mês e estava correto. A partitura vocal é a seguinte:
"- Olha lá! Olha lá! Lá!
- Ti...ti...tira! Tira! Tira! (tom de nojo)
- Para! Para! Ah, para! (convencido)
- Para! Para! (raiva)".
O vídeo é mais plausível:
Quero usar o conselho de Anne Bogart quando eu identificar outros obstáculos, então, para não me esquecer, ei-los:
"Não espere ter tempo ou dinheiro
suficiente para realizar aquilo que tem em mente. Trabalhe com o que você tem
agora. Trabalhe com as pessoas que estão à sua volta agora. Trabalhe com a
estrutura que você vê ao seu redor agora. Não espere um suposto ambiente
adequado e livre de estresse no qual possa gerar algo expressivo. Não espere
pela maturidade, pelo insight ou pela sabedoria. Não espere até você ter
certeza de que sabe o que está fazendo. Não espere até dominar suficientemente
a técnica. O que você produzir agora, o que fizer com as circunstâncias atuais
vai determinar a qualidade e o alcance de seus futuros esforços.
E, ao mesmo tempo, seja paciente."
Trabalho concluído e mais um enfrentamento vencido. A Resistência é bastante vivencial. Primeiramente, assumir nossas limitações nos tira da imobilidade, aprendemos que precisamos nos fortalecer de alguma maneira, quer seja enfrentando nossas fraquezas, quer seja aprendendo a conviver com elas. Resistir diante de uma dificuldade não se trata apenas de persistência, se trata de uma vida, afinal, até quando nos entregaremos à morte? Que morramos todos os dias, mas que não sejamos os mesmos cadáveres!
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