No princípio era loucura, a loucura se fez cerne, e o cerne estava comigo. O cerne era eu.
Poeta e compositor em tempo integral e adulto lotado de trabalho nas horas vagas. Me chamo Allan Maykson. Sim! Maykson é o segundo nome.
O teatro simplesmente não pediu licença, não quis saber sobre meu interesse, descartou qualquer possibilidade que eu tivesse para opinar. Ele simplesmente adentrou às portas de uma alma frágil e caçadora de si. De modo invasivo me imergiu para sempre. Meu espírito é úmido de teatralidade, imerso no mundo cênico, sedento pela unicidade do ser.
Aos 19 anos descobri essa aptidão, vocação, inspiração para o teatro, mas não imaginava até aonde isso chegaria. Passei por algumas escolas fazendo contação de histórias no personagem "Tio Allan", e a cada apresentação havia pelo menos um olhar de uma criança que me incitava a nunca mais parar esse trabalho. Fui descobrindo alguns caminhos, tive muitas luzes aqui na terra como no céu, e resolvi trilhá-los em nome do amor.
O amor nos faz abrir mão de muitas coisas que não são desimportantes, mas que se deixam abrir espaço às prioridades. Nascido e criado na cidade de Linhares, no Espírito Santo, com os mimos dos avós, de uma mãe preciosa e um pai de relação tênue, além das singularidades de uma irmã mais nova e da paixão pela irmã mais velha, jamais me imaginei sair de casa tão cedo. Esse é o meu "tão cedo". Deixei por lá grandes amigos, familiares de todos os gostos, centenas de alunos maravilhosos, dezenas de colegas de trabalho, um emprego excelente e oportunidades apetitosas para um jovem em início de carreira. Tudo isso em nome de um amor que não exclui o amor pelas demais coisas.
Me propus a ganhar menos, a morar com amigos, com estranhos ou até mesmo sozinho. Me propus a pagar minhas contas - todas -, um aluguel. Também me propus a (tentar) lavar roupas, louças, fazer comida, terminar uma pós-graduação, trabalhar e estudar outra graduação, a de Artes Cênicas, claro!
Mas veja como é o amor... simplesmente não há dor que fere. Há dor que ensina. Há saudade que dói, mas não machuca. Há horas de sono perdidas, choros, desesperos, mas há um amor que acalma, que apazígua, que incentiva, que anima, que dá força e coragem. Um amor que promove, que move, que renova. O amor pelo que faz. O amor que nos faz.
Neste momento, é só o que posso dizer de mim.
Caso venha alguém aqui, que sinta-se muito à vontade. O teatro não é nosso.
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