quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O EXPURGO



EXPURGO
Allan Maykson

Joguei para fora o que não era meu 
o que a vida me deu como surpresa. 
Eu fui violento, eu me protegi 
suei, forcei, no chão eu caí
mas não me sujei. 
Das minhas mãos 
saíam poderes:
os pudores pútridos 
em grande proporção. 
Suei de verdade 
me reconstruí
porque ser ator 
é fazer e sentir. 

26 de fevereiro de 2016

Saúdo essa descrição com esse poema que veio à tona quando pensava no que queria escrever sobre a aula de Corpo I do dia 22 de fevereiro. Às vezes a poesia é bastante intensa e remonta com beleza o mais perturbador. Não a beleza estética, pois dessa careço, mas a beleza da poética, do ensaio, do pensamento. 

     Após perder a aula de Corpo da semana passada estava um tanto perdido na parte do aquecimento da aula. Mas fizemos alguns exercícios já descritos antes aqui: furar o ar, empurrá-lo, tocar a sí e largar e o mesmo fazer no corpo do outro. 

     Previamente nos foi solicitados que levássemos 4 imagens de formas corporais de nossa escolha. Deveríamos, com esse material, produzir uma partitura corporal. Ou seja, criar uma linearidade com 4 imagens. àquelas que tiravam toda possibilidade de execução, foi pedido que as adaptasse. Pegaríamos um produto bruto externo e o internalizaríamos. Nossa fundação é dar vasão, razão e emoção ao que está sem vida, uma figura qualquer. 

     Selecionei 4 imagens de uma página ou artista que admiro há alguns anos: Mel Kadel. Até hoje não consegui descobri se trata-se de uma pessoa ou um grupo. Suas obras têm características bem marcantes e que delineiam a sua identidade, mas o que me chama a atenção é a inexpressividade dos personagens e a ação dos mesmos quase sempre de eliminação de uma energia negativa. Assim me é traduzido. 

     Com as imagens nas mãos a orientação é que dialoguemos com elas, nos relacionemos e assim, criar a partitura corporal que seja coerente ou condizente com o que desejamos. Para cada movimento de troca de uma imagem para outra, a Fala Interna era a chave mestra para a construção do clímax interior, a verdade externada de dentro para fora. 

      Após ensaiar algumas vezes a partitura, hora de apresentarmos a construção para aos demais. Cada um que passava pelo "palco" era desafiado pela professora com orientações como diminuir mais a intensidade dos movimentos, ou fazer a mesma partitura com pessoas no palco e assim, notar as mudanças, que no fim, ficavam mais verídicas, digamos assim. 

A minha partitura: 









         Na apresentação da mesma, fui orientado a fazer essa cena de expurgo como se eu estivesse numa briga em casa sentado na poltrona da sala. Um objeto teria sido lançado sobre mim e eu me protegeria com os pés. Certamente um contexto que exigiu outras falas internas. 

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