"...estado de quem se encontra como que transportado para fora de si e do mundo sensível, por efeito de exaltação mística ou de sentimentos muito intensos de alegria, prazer, admiração, temor reverente etc."
Significado de "Êxtase" segundo o Dicionário Google.
Não teria outra explicação que não a transmudação. Corpos se misturando junto à música no embalo de uma partitura corporal constituída a partir da absorção de fragmentos de textos teatrais do dramaturgo Tennessee Williams.
Considerando que na última aula de Corpo algumas partituras não puderam ser apresentadas, nos foi sugerido o seguinte: dar prosseguimento às apresentações da aula passada ou começar uma nova atividade corporal. A segunda opção foi democraticamente escolhida, afinal, o clímax estava para outro procedimento, não anulando o que passou, mas é que cada momento possui a sua sutileza.
Nos foi apresentado dois textos, um fragmento da vida de um moço e outro de uma moça. Cada aluno escolheria qual fragmento queria desenvolver. Escolhi o texto da personagem feminina porque ela representa bem a ânima, o estereótipo de uma mulher ousada, corajosa, audaciosa, ambiciosa, em contrapartida, notadamente, a inferior, a submissa, a sonhadora.
Primeiramente uma leitura silente e interior, mais tarde uma leve discussão para melhor esclarecimento dos textos. Depois do diálogo (com o texto), o aquecimento: pintar o círculo. É. É isso! Sinceramente, a dimensão do meu círculo era sufocante, me cobria todo, mas o comando era mexer algumas partes do corpo como se estivesse colorindo o tal círculo. Joelhos entrefechados, rotacionando para dentro os pés, e o mesmo movimento para os joelhos, o quadril, a região torácica, os ombros, os cotovelos, as mãos... depois, dar palmadinhas em todo o corpo e esfregar tudo e soltar no meio do círculo externando um grito.
Ainda prosseguindo com a dilatação cênica... fazer os movimentos de praxe: empurrar o ar, furá-lo, se amarrar com uma corda e segurar e largar partes do próprio corpo. Por fim, misturar os 4 movimentos. Em uma palma, fazê-los rapidamente, em duas, diminuir o ritmo. Falando em ritmo, é importante salientar que o repertório musical da aula foi um grande propulsor de emoções, faço memória de "Vapor Barato", num dueto, suponho, de Gal Gosta e Zeca Baleiro.
O que fazer com o texto? Inicialmente complexo. Mas o dever era escolhermos 6 frases e com os movimentos apreendidos no momento da dilatação, imprimirmos uma ação física para cada uma. Minha partitura foi baseada nestas frases:
"Quando eu cantava, Alva me mandava calar a boca."
"Tudo de Alva agora é meu."
"...todos os namorados dela."
"Agora sou popular..."
"Como eu danço bem."
"...com medo de que a cabeleira descole..."
Desta vez fui o primeiro a apresentar. Mas quero externar sobre a construção da partitura:
AQUELA MULHER
Allan Maykson
Senti a dor daquela mulher presunçosa
sua voz calada impetuosamente por Alva.
Senti o medo nos olhos
o medo no terrível silente.
Senti o desejo de vida melhor
senti seu suor no calor dos lençóis.
Tudo depois ela herdou num repente.
A todos os namorados de Alva tragou
sem pensar duas vezes.
E tantas vezes sem pensar
se expôs, mas implodiu tantas outras
que toda ambição a tornou popular.
Eu não sei dançar
mas ela sabe.
Eu não frequento bar
mas ela sim.
E dentro daquela alma terrível
a criança latente
o ser carente
dona de uma boneca sem mente
sobre a qual atribui pudores.
Os seus - cegamente.
01 de março de 2016
Considero se duma importância ressaltar que a fala interna nos foi dada pronta e ela ressoava no momento da apresentação da partitura corporal.
O trabalho com o corpo me causa êxtase. A expressão da cenestesia construída à partir da absorção de algo pronto e concreto, a resinificação, o corpo cênico, extra-cotidiano, abstrato, me deixa sem fôlego. Me remete à Biodanza. A integração entre a música, a dança, o movimento e o encontro humano afetivo resultam num sentir profundo, vital, erótico e transcendente.
Significado de "Êxtase" segundo o Dicionário Google.
Não teria outra explicação que não a transmudação. Corpos se misturando junto à música no embalo de uma partitura corporal constituída a partir da absorção de fragmentos de textos teatrais do dramaturgo Tennessee Williams.
Considerando que na última aula de Corpo algumas partituras não puderam ser apresentadas, nos foi sugerido o seguinte: dar prosseguimento às apresentações da aula passada ou começar uma nova atividade corporal. A segunda opção foi democraticamente escolhida, afinal, o clímax estava para outro procedimento, não anulando o que passou, mas é que cada momento possui a sua sutileza.
Nos foi apresentado dois textos, um fragmento da vida de um moço e outro de uma moça. Cada aluno escolheria qual fragmento queria desenvolver. Escolhi o texto da personagem feminina porque ela representa bem a ânima, o estereótipo de uma mulher ousada, corajosa, audaciosa, ambiciosa, em contrapartida, notadamente, a inferior, a submissa, a sonhadora.
Primeiramente uma leitura silente e interior, mais tarde uma leve discussão para melhor esclarecimento dos textos. Depois do diálogo (com o texto), o aquecimento: pintar o círculo. É. É isso! Sinceramente, a dimensão do meu círculo era sufocante, me cobria todo, mas o comando era mexer algumas partes do corpo como se estivesse colorindo o tal círculo. Joelhos entrefechados, rotacionando para dentro os pés, e o mesmo movimento para os joelhos, o quadril, a região torácica, os ombros, os cotovelos, as mãos... depois, dar palmadinhas em todo o corpo e esfregar tudo e soltar no meio do círculo externando um grito.
Ainda prosseguindo com a dilatação cênica... fazer os movimentos de praxe: empurrar o ar, furá-lo, se amarrar com uma corda e segurar e largar partes do próprio corpo. Por fim, misturar os 4 movimentos. Em uma palma, fazê-los rapidamente, em duas, diminuir o ritmo. Falando em ritmo, é importante salientar que o repertório musical da aula foi um grande propulsor de emoções, faço memória de "Vapor Barato", num dueto, suponho, de Gal Gosta e Zeca Baleiro.
O que fazer com o texto? Inicialmente complexo. Mas o dever era escolhermos 6 frases e com os movimentos apreendidos no momento da dilatação, imprimirmos uma ação física para cada uma. Minha partitura foi baseada nestas frases:
"Quando eu cantava, Alva me mandava calar a boca."
"Tudo de Alva agora é meu."
"...todos os namorados dela."
"Agora sou popular..."
"Como eu danço bem."
"...com medo de que a cabeleira descole..."
Desta vez fui o primeiro a apresentar. Mas quero externar sobre a construção da partitura:
AQUELA MULHER
Allan Maykson
Senti a dor daquela mulher presunçosa
sua voz calada impetuosamente por Alva.
Senti o medo nos olhos
o medo no terrível silente.
Senti o desejo de vida melhor
senti seu suor no calor dos lençóis.
Tudo depois ela herdou num repente.
A todos os namorados de Alva tragou
sem pensar duas vezes.
E tantas vezes sem pensar
se expôs, mas implodiu tantas outras
que toda ambição a tornou popular.
Eu não sei dançar
mas ela sabe.
Eu não frequento bar
mas ela sim.
E dentro daquela alma terrível
a criança latente
o ser carente
dona de uma boneca sem mente
sobre a qual atribui pudores.
Os seus - cegamente.
01 de março de 2016
Considero se duma importância ressaltar que a fala interna nos foi dada pronta e ela ressoava no momento da apresentação da partitura corporal.
O trabalho com o corpo me causa êxtase. A expressão da cenestesia construída à partir da absorção de algo pronto e concreto, a resinificação, o corpo cênico, extra-cotidiano, abstrato, me deixa sem fôlego. Me remete à Biodanza. A integração entre a música, a dança, o movimento e o encontro humano afetivo resultam num sentir profundo, vital, erótico e transcendente.
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